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The Effect of Photobiomodulation on Temporomandibular Pain and Functions in Patients With Temporomandibular Disorders: An Updated Systematic Review of the Current Randomized Controlled Trials

Resenha escrita por: Diogo Henrique Nakaie e Isabela Inoue Kussaba

As Disfunções Temporomandibulares (DTMs) são as condições mais prevalentes de dor orofacial de origem não dentária, envolvendo as articulações temporomandibulares (ATMs), músculos faciais ou ambos1. São condições de etiologia multifatorial e por vezes também requerem múltiplas estratégias de tratamento2. Terapia com laser de baixa intensidade, recentemente denominada de terapia de fotobiomodulação (TFBM), que tem sido indicada por ter efeitos bioestimulantes e analgésicos sem causar uma resposta térmica, é considerada uma abordagem conservadora para melhorar a função e reduzir os sintomas dolorosos em pacientes com DTM3,4.

Esta revisão sistemática foi conduzida para atualizar as evidências dos dados e reavaliar os efeitos do TFBM na intensidade da dor, abertura máxima da boca (AMB), movimentos laterais (ML), movimento protrusivo (MP), limiar de dor à pressão (LDP), atividade eletromiográfica (EMG) e ruídos da ATM em pacientes com DTM. A revisão foi conduzida em conformidade com o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA).

O levantamento foi realizado nas bases de dados eletrônicas PubMed/Medline, Scopus e Web of Science de janeiro de 2000 a setembro de 2022. Um total de 40 artigos foram elegíveis para extração de dados.

Os estudos incluídos demonstraram efeitos promissores da TFPM na redução da dor e na melhoria dos movimentos mandibulares. Apesar de a heterogeneidade nos protocolos torna difícil definir valores padrões, o uso do laser de diodo infravermelho com um comprimento de onda variando entre 780-980 nm, uma densidade de energia de < 100 J/cm2 e uma potência de saída de ≤ 500 mW por pelo menos seis sessões de tratamento parece ser uma opção promissora para o tratamento dos sinais e sintomas das DTM mencionadas com base nos achados previamente relatados.

A seguir serão expostos os principais achados em uma das variáveis estudadas:

Intensidade da dor

Um total de vinte e sete estudos destacaram uma significativa redução na intensidade da dor, tanto na articulação quanto na musculatura mastigatória, nos grupos nos quais a TFBM foi aplicada em comparação com os grupos controle. Isso enfatiza e solidifica a eficácia da TFBM como uma abordagem não invasiva notável para a mitigação da dor nesses contextos.

No que diz respeito à área de aplicação do Laser, os estudos consistentemente registraram a aplicação do laser em pontos-gatilho específicos e/ou músculos mastigatórios adjacentes, onde ele exerceu seu efeito benéfico. No entanto, vale ressaltar que apesar dos resultados promissores observados, os protocolos específicos para otimizar os benefícios na redução da dor ainda carecem de evidências robustas5.

Movimentos mandibulares: Abertura máxima da boca (AMB), Movimentos laterais (ML) e Movimento protrusivo (MP) 
De maneira geral, os resultados encontrados demonstram que a TFBM apresentou melhorias significativas nos movimentos da mandíbula nos estudos analisados. No entanto, é importante observar que em algumas pesquisas, a TFBM não conseguiu demonstrar benefícios claros quando comparada aos grupos de controle, e essa disparidade pode ser atribuída, em parte, à diversidade nos protocolos de TFBM empregados.

Entretanto, é interessante destacar que, mesmo na ausência de um protocolo uniforme, alguns padrões comuns emergem dos estudos. Em particular, observa-se que o número de sessões de tratamento variou geralmente de 10 a 12 sessões, e houve uma oscilação na faixa do comprimento de onda utilizado, variando de 780 nm a 904 nm. Além disso, a densidade de energia aplicada também apresentou uma ampla variação, cobrindo uma faixa que ia de 1,5 J/cm² a 105 J/cm² 6.
Limiar de dor à pressão (LDP) 

Apesar das diferentes densidades de energia utilizadas nos estudos citados, todos os resultados comungam para uma melhora para LDP. Nesse estudo, dentre os artigos incluídos, diferentes densidades de energia foram utilizados. No estudo de Uemoto et al7, mostrou que a densidade de energia mais baixa (790 nm, 80mW, 4J/cm2) resultou em maior LDP em comparação com a densidade de energia mais alta (790 nm, 80 mW, 8 J/cm2). Em contrapartida, Sattayut e Bradley mostraram que TFBM mediado por 820 nm com maior densidade de energia (300 mW, 107 J/cm2) aumentou o LDP no grupo laser em comparação com a menor densidade de energia (60 mW, 21,4 J/cm2).  Essa contradição nos resultados pode acontecer devido a outros fatores, como diferentes comprimentos de onda ou potência de saída7,8 .

Atividade eletromiográfica (EMG) 

Dentre os estudos analisados, somente o trabalho conduzido por Sattayut et al. evidenciou uma melhora estatisticamente significativa na atividade eletromiográfica (EMG) registrada nos músculos masseter e temporal anterior, no grupo que recebeu a TFBM. Este estudo em particular utilizou um protocolo específico, empregando um laser com comprimento de onda de 820 nm, uma densidade de energia de 107 J/cm² ou 20 J por ponto e uma frequência de tratamento de três vezes por semana durante um período de três semanas, com sessões realizadas em dias intercalados8. 

Ruídos da ATM

Os estudos sobre o TFBM nos sons da ATM tiveram resultados divergentes. Dentre os cinco estudos selecionados, apenas os trabalhos de Lassemi e Santos demonstraram redução nos sons de clique nos grupos TFBM em comparação aos grupos controle, com fontes de luz de 980 nm e 830 nm 9,10. Nos outros três estudos não obtiveram diferenças notáveis. A heterogeneidade nos protocolos do TFBM, dos pacientes e a própria etiologia dos ruídos podem ter influenciado nos resultados desses estudos. 

Considerações Finais

A terapia de fotobiomodulação tem consistentemente exibido resultados promissores na redução da dor e na melhoria dos movimentos mandibulares, destacando-se como uma abordagem terapêutica de relevância clínica. No entanto, a notável diversidade nos parâmetros utilizados nos estudos analisados torna desafiador o estabelecimento de protocolos específicos que possam orientar práticas clínicas de forma mais precisa e uniforme.

A complexidade dos dados existentes reflete a necessidade premente de empreender novas pesquisas com o intuito de solucionar as questões em debate. O desenvolvimento de diretrizes de tratamento mais rigorosas e detalhadas é fundamental para garantir uma abordagem terapêutica eficaz e consistente no contexto da fotobiomodulação para as DTMs. Compreender de forma abrangente como os diferentes parâmetros afetam os resultados clínicos e a eficácia terapêutica é um passo fundamental para otimizar os benefícios dessa terapia inovadora. Portanto, é imperativo que a comunidade científica continue a explorar esse campo, aprimorando nossa compreensão e prática clínica.

REFERÊNCIAS

Madani A, Ahrari F, Fallahrastegar A, Daghestani N. A randomized clinical trial comparing the efficacy of low-level laser therapy (LLLT) and laser acupuncture therapy (LAT) in patients with temporomandibular disorders. Lasers Med Sci. 2020 Feb;35(1):181-192. doi: 10.1007/s10103-019-02837-x. Epub 2019 Aug 8. PMID: 31396794.

Ryan J, Akhter R, Hassan N, Hilton G, Wickham J, Ibaragi S. Epidemiology of temporomandibular disorder in the general population: a systematic review. Adv Dent Oral Health. 2019;10(3):555787. doi: 10.19080/adoh.2019.10.555787.

Ayyildiz S, Emir F, Sahin C. Evaluation of low-level laser therapy in TMD patients. Case Rep Dent. 2015:2015:424213. doi: 10.1155/2015/424213. Epub 2015 Oct 26. PMID: 26587294; PMCID: PMC4637444.

Pereira TS, Flecha OD, Guimarães RC, de Oliveira D, Botelho AM, Ramos Glória JC, et al. Efficacy of red and infrared lasers in treatment of temporomandibular disorders--a double-blind, randomized, parallel clinical trial. Cranio. 2014;32(1):51-6. doi: 10.1179/0886963413z.0000000005. PMID: 24660647.

Farshidfar N, Farzinnia G, Samiraninezhad N, Assar S, Firoozi P, Rezazadeh F, Hakimiha N. The Effect of Photobiomodulation on Temporomandibular Pain and Functions in Patients With Temporomandibular Disorders: An Updated Systematic Review of the Current Randomized Controlled Trials. J Lasers Med Sci. 2023 Aug 5:14:e24. doi: 10.34172/jlms.2023.24. eCollection 2023. PMID: 37744015; PMCID: PMC10517581. 

Máximo CFGP, Coêlho JF, Benevides SD, Alves GAS. Effects of low-level laser photobiomodulation on the masticatory function and mandibular movements in adults with temporomandibular disorder: a systematic review with meta-analysis. Codas. 2022 Jan 31;34(3):e20210138. doi: 10.1590/2317-1782/20212021138. eCollection 2022. PMID: 35107512; PMCID: PMC9769431.

Uemoto L, Garcia MA, Gouvêa CV, Vilella OV, Alfaya TA. Laser therapy and needling in myofascial trigger point deactivation. J Oral Sci. 2013;55(2):175-81. doi: 10.2334/josnusd.55.175. PMID: 23748458. 

Sattayut S, Bradley P. A study of the influence of low intensity laser therapy on painful temporomandibular disorder patients. Laser Ther. 2012;21(3):183-92. doi: 10.5978/islsm.12-OR-09. PMID: 24511188; PMCID: PMC3882354.
Lassemi E, Jafari SM, Kalantar Motamedi MH, Navi F, Lasemi R. Low-level laser therapy in the management of temporamandibular joint disorder. J Oral Laser Appl. 2008;8(2):83-6.

de Santana Santos T, Piva MR, Ribeiro MH, Antunes AA, Melo AR, de Oliveira E Silva ED. Lasertherapy efficacy in temporomandibular disorders: control study. Braz J Otorhinolaryngol. 2010 May-Jun;76(3):294-9. doi: 10.1590/s1808-86942010000300004. PMID: 20658006; PMCID: PMC9442234.
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Diogo Henrique Nakaie e Isabela Inoue Kussaba

Diogo Henrique Nakaie 
  • Cirurgião-dentista - Universidade Estadual de Maringá
  • Especialista em Prótese Dentária  pela Universidade Estadual de Maringá 
  • Mestrando  em Odontologia Integrada pela Universidade Estadual de Maringá

Email: diogonakaie@gmail.com
Instagram: @diogonakaie

Isabela Inoue Kussaba
  • Cirurgiã-dentista - Universidade Estadual de Maringá
  • Especialista em Endodontia pela Universidade Estadual de Maringá 
  • Mestranda em Odontologia Integrada pela Universidade Estadual de Maringá

Email: isabelaikussaba@gmail.com 
Instagram: @isabelakussaba