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Is the therapeutic effect of occlusal stabilization appliances more than just placebo effect in the management of painful temporomandibular disorders? A network meta-analysis of randomized clinical trials

O artigo discutido nesta resenha teve como objetivo identificar se a melhora da dor em pacientes com disfunções temporomandibulares (DTM)  por meio do uso de placas estabilizadoras oclusais ocorre apenas em função do efeito placebo ou de um efeito terapêutico real.

Para isso, três perguntas foram formuladas para serem respondidas com a busca na literatura, sendo elas:

Para responder essas perguntas, uma busca criteriosa na literatura científica, seguindo o protocolo de revisão sistemática PRISMA-P, foi realizada buscando-se artigos com alto grau de evidência, independente da língua e tempo de publicação.

O estudo obteve uma busca inicial de 2.549 artigos, sendo que 24 ensaios clínicos randomizados controlados foram incluídos, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.

Os resultados do artigo mostram que o efeito terapêutico da placa estabilizadora oclusal é real e vai além do efeito placebo, reduzindo a dor com menor número de consultas quando comparada à placa não-oclusiva ou a pacientes que não receberam tratamento. A placa estabilizadora oclusal mostrou redução da sintomatologia dolorosa significativamente maior do que os controles não tratados. A proporção de participantes que relataram melhora da dor nos acompanhamentos foi significativamente maior para placas estabilizadoras oclusais em comparação ao aparelho não-oclusivo e aos controles não tratados. Além disso, o número de consultas para melhora da sintomatologia com o uso das placas estabilizadoras oclusais é igual se comparado ao tratamento com analgésicos tópicos e sistêmicos e melhor do que o tratamento com toxina botulínica.

Apesar disso, o efeito placebo não pode ser desconsiderado, pois a placa não-oclusiva (placebo ativo) também melhorou a intensidade de dor dos pacientes. Parece que, independente do desenho da placa, o efeito inicial na maioria dos pacientes é positivo no que diz respeito à resposta à dor.

Os autores ressaltam que avaliar apenas a intensidade da dor não comprova a eficácia do tratamento, sendo necessário avaliar a função, como movimentos mandibulares, características individuais do paciente, como aspectos psicossociais e comportamentais, e a presença de comorbidades como depressão, ansiedade e somatização.

Sendo assim, os autores concluem que a eficácia do tratamento com placas oclusais está além do efeito placebo, mas que sua mensuração não deve se basear apenas na intensidade de dor.

Considerações

O estudo é bem delineado e apresenta como autor o professor Paulo Rodrigues Conti, referência na área de DTM e Dor Orofacial. Traz uma discussão muito interessante sobre o quanto o efeito placebo interfere nos tratamentos utilizando placas estabilizadoras oclusais. Outro ponto de vista interessante é a discussão sobre aferir a eficácia do tratamento apenas com a melhora ou não da intensidade de dor, sendo que existem outros fatores a serem considerados quando fazemos essa avaliação. Acredito que mais pesquisas devam ser realizadas para melhor elucidar o mecanismo de ação das placas estabilizadoras oclusais.

Referência:

Alkhutari AS, Alyahya A, Rodrigues Conti PC, Christidis N, Al-Moraissi EA. Is the therapeutic effect of occlusal stabilization appliances more than just placebo effect in the management of painful temporomandibular disorders? A network meta-analysis of randomized clinical trials. J Prosthet Dent. 2021;126(1):24-32.