O que estou estudando

Sandra Maria Abreu Nogueira

Volume IV Número XIV - Publicação realizada em 16/12/2021

Atualmente, estou cursando Especialização em Prótese Dentária pela São Leopoldo Mandic (2019) e Mestrado em Clínica Odontológica (2021) no Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Atuo em clínica particular como cirurgiã-dentista clínica geral e como pesquisadora na UFC, com ênfase na área de Disfunção Temporomandibular (DTM) e Dor Orofacial, buscando avaliar o impacto do perfil dietético em mulheres com DTM. 

Ainda durante a graduação, fui bolsista do Projeto de Extensão Dores Orofaciais e Distúrbios da ATM (Grupo de Estudo em Dor Orofacial - GEDO - UFC) (2017), monitora da Disciplina de Oclusão (2017) e monitora na Disciplina de Prótese Dental Total (2018) pelo Programa de Iniciação à Docência da UFC e bolsista voluntária do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/IC-Voluntária, 2018). Desde esse período, tenho atuado, junto com o grupo liderado pela Prof. Dra. Lívia Fiamengui, no campo de DTM e Nutrição. Durante a Iniciação Científica (IC), nosso grupo de pesquisa realizou um estudo preliminar do tipo ensaio clínico randomizado e controlado objetivando avaliar a eficácia de uma dieta livre de glúten (DLG) como modalidade de tratamento para o manejo da dor em mulheres com dor miofascial da musculatura mastigatória. As participantes submetidas à DLG durante 4 semanas demonstraram redução na intensidade da dor e aumento no limiar de dor à pressão do músculo masseter.  Recentemente, o artigo científico - fruto desse estudo -foi publicado. 

Diante dos achados, supôs-se que mulheres com DTM poderiam se beneficiar de uma DLG, mas que um estudo clínico randomizado duplo-cego placebo-controlado seria necessário para confirmar os achados. Ademais, o estudo enfatizou a necessidade de uma melhor compreensão do padrão alimentar de pacientes com DTM em termos de perfil de consumo alimentar, no que concerne ao consumo de energia e nutrientes.

A avaliação adequada do padrão alimentar é essencial para determinar o perfil dietético e acessar efeitos de intervenções dietéticas a um nível populacional. Nesse contexto, o objetivo de um dos projetos que estamos iniciando é avaliar o perfil dietético de mulheres com DTM dolorosa, com ênfase na composição química, energia, grupos alimentares e grau de processamento dos alimentos e correlacionar esses dados com intensidade de dor e exames laboratoriais em nível plasmático. Para essa avaliação, alimentos consumidos serão expressos em gramaturas e a avaliação química dos mesmos será realizada com base em guias nacionais.  Ademais, com o objetivo de melhor caracterizar a amostra, dados relativos à qualidade do sono, ansiedade e depressão, catastrofização da dor, comportamentos orais e atividade física serão coletados. 

Embora o comportamento dietético e a dieta sejam sugeridos como fatores associados à dor musculoesquelética crônica, os mecanismos subjacentes a essa interação ainda não estão claros e precisam ser explorados, principalmente no que diz respeito à dor orofacial. É sabido que indivíduos com dor crônica apresentam níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias no sangue e nos tecidos e sugere-se que um estado inflamatório generalizado pode contribuir para a fisiopatologia da dor associada à DTM.  

Relatos de dor ao se alimentar, função mandibular limitada e ruídos articulares são sintomas comuns a indivíduos acometidos por DTM e têm sido associados a modificações no consumo alimentar, principalmente no que concerne a redução na ingestão de fibras, alteração no padrão de cozimentos dos alimentos, com preferência por aqueles macios, amassados e/ou cortados em pequenos pedaços. No entanto, estudos avaliando o perfil dietético em indivíduos com essa desordem ainda são escassos e, no nosso conhecimento, estudos que caracterizem a dieta desses indivíduos quanto aos grupos alimentares e grau de processamento dos alimentos ainda não foram realizados. 

Sendo assim, há uma necessidade de pesquisas de alta qualidade que desvendem os mecanismos subjacentes para garantir que a nutrição seja integrada como parte do tratamento da dor musculoesquelética crônica. Nesse sentido, temos nos esforçado através do fortalecimento de nossas relações interinstitucionais, como a que temos com o Prof. Dra. Carla Soraya Costa Maia, nutricionista e Professora no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde (Universidade Estadual do Ceará - UECE). Acreditamos que, em um futuro próximo, conseguiremos elucidar a relação entre padrões alimentares e DTM.  Ressalto que, em paralelo, espero ter a chance de interagir com os colegas do Brasil interessados em pesquisas nessa área.
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Sandra Maria Abreu Nogueira

  • Graduada em Odontologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC - 2019)
  • Mestranda no Programa de Pós-graduação em Odontologia (PPGO) da UFC), sob orientação da Prof. Dra. Lívia Maria Sales Pinto Fiamengui
  • Email: nogueira.sandrama@gmail.com 
  • Instagram: @sandranogueiraodonto.